quinta-feira, 17 de abril de 2014

Análise da Formação do Cânon das Escrituras Sagradas Sob a Perspectiva de Três Autores



Este texto é uma análise da formação do cânon do Novo Testamento, sob a perspectiva de três autores. Será apresentado o seu significado, como foi aceito pelas igrejas, desenvolvimento, época de sua formação e conclusão do cânon.
No decorrer do trabalho, podemos ver a mão de Deus direcionando Sua à igreja quanto à formação do cânon. Deus jamais desamparou seu povo e nem desamparará. E este estudo sobre o cânon nos deixa mais certos dessa verdade.

Significado de Cânon
Os autores são unanimes quanto ao significado do termo cânon. Todos afirmam que a palavra cânon tem raiz na palavra "cana", "junco" (do hebraico geneh, através do grego kanon). O "junco" era usado como uma vara para medir e avaliar..." mais tarde teve o sentido de "lista" ou "rol".
Aplicada às Escrituras, a palavra cânon significa "uma lista de livros oficialmente aceitos". Assumiu depois o significado de “relação”, “enumeração”, “lista dos livros” do Antigo e do Novo Testamento que a Igreja considera como inspirados e que servem de “norma”, de “medida” da fé, isto é, de “base e critério” para o ministério da pregação e do ensino no caminho da justiça.
Critério Canônico
            Segundo o Frei Ildo Perondi, depois da morte e ressurreição de Cristo, a igreja continuou a obra que o Senhor havia ordenado. Assim, do ano 30 até o ano 51, o que existia do Novo Testamento era somente a pregação viva da Igreja, daquilo que Jesus “fez e disse”. O que dinamizava as diversas Igrejas (Jerusalém, Samaria, Damasco, Antioquia, Corinto, Tessalônica, Éfeso, Roma etc.).
            A Igreja, desde o primeiro dia de sua existência, possuía o Antigo Testamento como Escrituras inspiradas. Contudo, para a Igreja primitiva, este Antigo Testamento era, em seu sentido mais profundo, profecia do Cristo - a autoridade última era o próprio Cristo. Cristo tinha enviado os seus Apóstolos para proclamar a Boa-Nova e edificar a comunidade cristã. Eles tinham sido testemunhas oculares de sua obra e ouvintes de suas palavras. Portanto, a Igreja primitiva tinha três autoridades: o Antigo Testamento, o Senhor Jesus e os Apóstolos.
             O autor J. M. Bentes destaca o pôr que do cânon haver sido formado. Ele diz que sempre existiram falsos livros e falsas mensagens. E por representarem ameaça constante, surgiu-se a necessidade de que o povo de Deus tivesse mais cuidado com a coleção de livros sagrados guardados consigo, pois poderia haver alguns erros. A partir daí a igreja passou a questionar esses livros sagrados mediante cinco critérios; ao qual são eles:
a) O livro é autorizado - Veio de Deus;
b) É profético - Foi escrito por um servo de Deus;
c) É digno de confiança - Fala a verdade a cerca de Deus;
d) É Dinâmico - Possui o poder que transforma vidas;
e) É aceito pelo povo de Deus para o qual foi originalmente escrito.
            O autor Pr. Azevedo, também nos dá alguns critérios para aceitação dos livros. Em resumo o processo foi o seguinte: os livros que chamamos de Novo Testamento foram escritos; eles foram amplamente lidos; foram aceitos pelas igrejas como úteis para a vida e a doutrina; foram introduzidos na adoração pública da igreja; ganharam aceitação através de toda a igreja e não apenas das congregações locais; e foram oficialmente aprovados mediante decisão formal da igreja.
 O Surgimento de um Cânon
Segundo J. M. Bentes, a princípio os 27 livros dos canônicos do Novo Testamento foram reconhecidos oficialmente. A partir daí não houve movimentos dentro do Cristianismo no sentido de acrescentar ou eliminar livros. O cânon do Novo Testamento encontrou acordo geral no seio da igreja universal.
Frei Ildo Perondi nos informa alguns movimentos que aconteceram após o surgimento do cânon. Como o primeiro catálogo oficial de um sínodo que enumera todos os livros do cânon atual é o do Sínodo de Hipona na África, do ano 393. Este cânon foi confirmado no Concílio particular de Cartago (419) contando-se Hb simplesmente entre as cartas paulinas. A Igreja grega, no segundo Concílio Trulano (692) aceitou o mesmo cânon na sua integra. O patriarca Fócio (†891) reiterou-lhe a aprovação outorgando-o à Igreja grega inteira. Na Igreja Ocidental encontramos iguais elencos de livros sacros no Decreto Gelasiano, do papa Gelásio (492-496), bem como no decreto do Concilio de Florença contra os Jacobitas (1441). Com tudo isso, o debate sobre a extensão do cânon bíblico parecia encerrado. No Concílio de Trento a discussão foi renovada por Martinho Lutero que, embora traduzisse os livros deuterocanônicos, os colocou no fim da Bíblia, tachando-os de apócrifos e “não pertencentes à Escritura Sagrada, mas úteis de serem lidos”. A posição de Lutero em face de Hb, Tg, Jd e Ap não é clara. Não os conta entre os livros que “fazem brotar Cristo”. Estão na sua versão do Novo Testamento de 1522 e 1546, mas, contrariamente aos outros livros, sem numeração e sumários de conteúdo. Só nas edições posteriores abandonou-se a discriminação. Por isso, o Concílio de Trento, viu-se obrigado a decidir a questão definitivamente para toda a Igreja. 
A Conclusão do Cânon do Novo Testamento
            O Pr. Azevedo ressalta que é evidente que nem todos os livros do atual Novo Testamento eram conhecidos ou aceitos por todas as igrejas do Oriente e do Ocidente durante os primeiros quatro séculos da era cristã. As variações do cânon eram devidas a condições e interesse locais. O cânon existente surgiu de um vasto corpo de tradição oral e escrita e de especulação, e impôs-se às igrejas devido a sua autenticidade e poder dinâmico inerentes. Sendo, portanto um fruto do emprego de vários escritos que provavam o seu mérito e a sua unidade pelo seu dinamismo interno. Alguns foram reconhecidos mais lentamente do que os outros devido ao seu pouco tamanho ou devido ao caráter remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao anonimato no tocante a autoria, ou falta de aplicabilidade às necessidades da igreja naquele período. Porém, nenhum desses fatores trabalham contra a inspiração divina destes livros ou contra o seu direito de possuir um lugar na palavra autorizada do Deus Todo-Poderoso.
       Segundo Frei Ildo Perondi, um dos resultados da História do Cânon é demonstrar o principio da “sola scriptura” (só a Bíblia). Cada livro em particular tem a sua origem no seio do povo eleito do Antigo e do Novo Testamento, refletindo a Tradição sagrada do povo de Deus. Nem Cristo nem os Apóstolos deixaram à Igreja um cânon delimitado e obrigatório. Foi depois de hesitações seculares e muitos debates entre províncias eclesiásticas e os teólogos que a Igreja, sob a assistência do Espírito Santo, decidiu quais livros serviriam de fontes de revelação de ambos os Testamentos.
Conclusão
 A formação do cânon nos faz enxergar a providência de Deus para com o Seu povo. E que cabe a nós, seguidores e ouvintes da palavra, darmos glória a Deus por tudo que esses livros puderam e podem trazer a nós.
 
 Bibliografia
 J. M. Bentes. A Credibilidade da Bíblia.
PERONDI, Frei Ildo. Introdução a Bíblia: O Cânon da Bíblia. Disponível em:< http://www.presbiteros.com.br/Patristica/Canon.htm >.Acesso em: 24 de Out. de 2012.
PINHEIRO, Azevedo. Formação do Cânon do Novo Testamento. Disponível em:< http://www.pastorazevedo.com.br/teologicos_ver.php?id=77 >. Acesso em: 24 de Out. de 2012.

Antropologia Missionária


Este é um resumo do livro Antropologia Missionária do Missionário Ronaldo Lidório para a disciplina de Antropologia do Seminário. A leitura do livro é muito agradável e nos abençoa muito com o conhecimento e experiência do autor sobre missões e está disponível para download no site:
http://juvep.com.br/v2/wp-content/uploads/2012/09/eBook-Antropologia-Missionaria-Ronaldo-Lidorio.pdf   

Resumo
O objetivo do autor é abordar a antropologia como aliada no desenvolvimento de ideias, fomentação de estudo e conhecimento humano e, sobretudo, como uma ferramenta prática no processo de adaptação pessoal, desenvolvimento de projetos e exposição do evangelho no campo missionário. Por se tratar de antropologia e missiologia, o autor pontua alguns pressupostos teológicos: o impositivismo que é natural tendência humana de aplicar a outros povos sua forma adquirida de pensar e interpretar, cuja exposição impositiva pode levar as pessoas ao nominalismo evangélico e ao sincretismo religioso; o pragmatismo que pode ser visto quando assumimos uma abordagem puramente prática na contextualização, mas devemos ser lembrados que nem tudo o que é funcional é bíblico; e o sociológico que é aceitar a contextualização como sendo nada mais do que uma cadeia de soluções para as necessidades humanas, em uma abordagem puramente humanista. No segundo capítulo, o autor conceitua a antropologia, cultura e o homem, que segundo ele são os focos principais do estudo antropológico. Ele começa com a antropologia, buscando desde o século XIX o surgimento das teorias antropológicas. Nesse século surgiu o evolucionismo unilinear, que aplica a teoria da evolução na culturalidade e gera o pressuposto que o homem passaria por estágios de evolução cultural. Surgiu também o particularismo histórico que questionou o evolucionismo unilinear propondo que cada cultura possui sua historicidade que demanda respeito. Em 1940 nasceu a antropologia estrutural que defendia que existem regras estruturantes das culturas na mente humana e é necessário compreender o padrão mental, de pensamento e comunicação de um povo, a fim de compreender a sua cultura. Também veio o funcionalismo estrutural defendendo que a estrutura social é o ponto central em uma sociedade e todas as atividades e fatos sociais (valores, religião, organização familiar etc) são desenvolvidos com a finalidade de manter a estrutura social estável. E por fim, a antropologia hermenêutica ou interpretativa que defende a identificação do significado cultural a partir da observação e análise de ritos, mitos, cosmogonias e assim por diante e a interpretação destes fatos sociais. “O autor define antropologia como o resultado da aglutinação histórica de impressões, fatos e ideias sobre a identidade do homem disperso em seus diferentes ajuntamentos sociais”. O conceito de cultura é “os sistemas mais ou menos integrados de idéias, sentimentos, valores e seus padrões associados de comportamento e produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz”. E por fim o conceito de homem como sendo o ser em cultura, que se define a partir da sua história, suas idéias e envolvimento social. No capítulo três é feita a abordagem da orientação de aquisição linguística, onde é necessário conviver com o povo a ser abordado e padrões de abordagem cultural, que são os padrões éticos, êmico e êmico teológico. O padrão ético é a interpretação da cultura em que os critérios de julgamento são inteiramente nossos, segundo nossa ideologia, ideia e cultura. O padrão êmico é a baseada na interpretação das pessoas que praticam o fato. E o padrão êmico-teológico é analisarmos os fatos sociais por lentes êmicas, compreendo seu valor para o povo que os experimenta, e após termos feito esta caminhada, expormos a estes o evangelho de forma viva e aplicável, compreensível em seu próprio universo. No quarto capítulo, o autor apresenta alguns métodos antropológicos para o estudo da cultura, que vai desde o mais usado como o método de observação participante, até os métodos adaptativos e idealistas. No final do capítulo são apresentados os três métodos que serão usados pelo autor no estudo antropológico. São eles: métodos, Antropos, Pneumatos e Angelos. Nos capítulos restantes o autor explica os três métodos citados anteriormente, em que são dados exemplos práticos e é feita a elaboração de questionários para que o estudioso possa estudar o grupo-alvo de forma mais eficiente. Vale ressaltar, que nos capítulo oito, o autor faz uma abordagem sobre cultura e religiosidade, em que aborda a relação entre o sagrado, profano, tabus e assuntos pertinentes, olhando alguns conceitos antropológicos. Concluindo, a metodologia apresentada pelo autor pode lhe ser útil de forma integral, se você aplicá-la em um contexto específico, como também de forma parcial, na qual você pode pinçar aquilo que se aplica ao seu contexto.

Teologia da Educação Cristã: Comunicação de Vida


Este é um resumo de um capítulo do livro Teologia da Educação Cristã que elaborei no Seminário para a discilpina de Educação Religiosa. Espero que esse breve texto nos impulsione a desempenharmos nosso papel no ensino de forma eficaz e que glorifique a Deus. 

Introdução
A educação cristã quer ajudar as pessoas a se tornarem o que seus professores são. Portanto é de suma importância que a vida do professor seja conforme o seu ensinamento. A educação cristã quer ajudar no processo de crescimento; no crescimento gradual do crente em direção a Cristo e a uma exteriorização cada vez mais adequada do Seu caráter.
            Esta tarefa única de edificar homens e mulheres para serem iguais a Cristo é: fazer discípulos.

Como fazer discípulos?
O relacionamento de Jesus com os seus discípulos nos mostra o Seu objetivo e o que Ele fez para alcançá-lo. Jesus, enquanto viveu e ensinou os doze, visava a sua transformação: Sua meta era fazer a vida crescer.
  Uma análise superficial e não exaustiva das passagens onde Jesus ensinava Seus discípulos, mostra que havia diversos tipos de relacionamento. Não era uma “escola” típica, onde os que eram treinados ouviam o professor por uma hora, e depois voltavam sem ele para a vida. Jesus convivia com os discípulos; participava das suas experiências e dos seus traumas. Havia interação constante entre eles.
Encontramos diversas vezes os discípulos ouvindo enquanto Jesus ensinava e instruía. Outras vezes os discípulos estão observando a reação de Jesus a situações, pessoas e acontecimentos. Mais de uma vez Jesus estimulava os discípulos a que fizessem perguntas, pedindo explicações e interpretações. Além disto, Ele às vezes faz perguntas aos discípulos. Os discípulos participavam do ministério de Jesus.
Estas poucas ilustrações nos ajudam a compreender que fazer discípulos é um processo de relacionamento interpessoal, que envolve professor e aluno em muitas experiências da vida real. Fazer a vida de Deus se desenvolver na pessoa parece exigir um contexto de vida, um modelo do qual o discípulo pode aprender, através do relacionamento íntimo com seu mestre.

Ensinar e aprender
            Muitas vezes “fazer e ensinar” andam juntos, e não é incomum encarar o culto da igreja como instruir-se mutuamente com “salmos e hinos e cânticos espirituais”.
            O centro disto tudo é fácil de determinar. “Ensinar pode nos lembrar de professor e sala de aula formal, porém o conceito engloba muito mais do que isto”! Limitar a educação cristã as formas tradicionais é limitar tragicamente nossa idéia de ensino e aprendizado.
            Assim como os termos bíblicos para ensinar e aprender não conferem um prêmio especial à habilidade de processar informação, os termos para conhecer também não exaltam o intelecto como um fim em si mesmo. Novamente voltamos às palavras de Jesus para captar o significado principal de ensino e aprendizado, no sentido em que a educação cristã deve entendê-los: “Todo aquele que for bem instruído será como seu mestre” (Lc 6: 40). Será como ele naquilo que ele sabe, sim. Mas saber o que o professor sabe não é o objetivo. O objetivo é ser como ele é. Transmitir vida com seu conceito, atitude, valores, emoções e entrega, exige que a pessoa reparta com a outra tudo que for necessário para fazê-la mais semelhante a Cristo.

Seguir e imitar
            Para transmitir vida parece ser importante que haja um modelo ou exemplo. Jesus disse, quando estava lavando os pés dos discípulos: “Eu vos dei o exemplo” (Jo 13: 15). Encontramos a mesma idéia no conhecido chamado de Jesus: “Siga-me” (Mt 9: 9). “Vinde após mim”, Jesus disse, “e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4: 19). Em outras palavras, Eu farei com que vocês sejam como eu sou.
            Isto vai além da imitação de comportamento! As atitudes e valores do modelo devem se tornar parte da personalidade do discipulando, e até conceitos podem ser um modelo para nós.
            Jesus chamou os discípulos para que estivessem com Ele, porque eles precisavam ver na prática os conceitos que Ele estava ensinando. Eles tinham de ver a Palavra encarnada para entendê-la de verdade e corresponde-lhe, tornando-se como seu líder!

Uma passagem crítica
            Examinando a passagem de Dt 6: 4-7, vemos claramente os elementos críticos que já observamos no ministério de Jesus.
Ø  Um modelo é pré-requisito. O professor deve ser uma pessoa que tenha um relacionamento amoroso pessoal com o Senhor. E este amor tem de ser demonstrado assimilando palavras da escritura. A verdade revelada também tem de ser vivida.
Ø  Intercâmbio. O relacionamento sem par entre pais e filhos – prolongado, estável, amoroso, variado – é o contexto ideal para a comunicação da verdade revelada e do seu impacto na vida. Facilita também a compreensão de motivações, sentimentos e atitudes, além da imitação do comportamento.
Ø  Vida como contexto. A palavra escrita é um elemento necessário na educação cristã. Professor e aluno fazem experiências juntos. Na vida em si a Palavra é ensinada e discutida!

São estes os elementos sobre os quais a educação cristã deve novamente chamar a atenção, se estamos mesmo pensando em vida. E temos de estar expostos a abordar, com estas dimensões de ensino e aprendizado – modelo, intercâmbio e a vida como contexto – a reconstrução da educação cristã na igreja.