Este texto é uma síntese dos
capítulos III e IV do Manual de Teologia de John Leadley Dagg, um grande pastor
teólogo batista que viveu durante o século XIX.
No capítulo III do sétimo
livro, John Dagg trata acerca das Bênçãos da Graça e no capítulo IV sobre a Soberania
da Graça. O autor nos leva nesses dois capítulos a nos aprofundarmos no grande
amor de Deus em nos conceder bênçãos preciosíssimas mesmo sem nós merecermos.
Os decretos divinos para
realizar nossa salvação nos revelam o imenso amor do Pai por nós. Isso é o que
Dagg vai argumentar nos capítulos citados, além de levantar objeções às
doutrinas da graça que vez por outra ouvimos, e respondê-las com base nas Escrituras.
A leitura atenciosa desta
obra nos levará mais profundo no conhecimento da nossa salvação. E como o
apóstolo Paulo disse, diremos nós também que “...o amor de Cristo nos constrange...”. Amor tão imenso e demonstrado
pelo que Ele planejou e executou por nós. Esse amor também nos repele mais ainda
a amá-lo e a dedicar toda nossa vida a Ele.
Talvez você sinta falta de passagens
bíblicas, mas o objetivo deste texto é expor apenas o pensamento de John Dagg no
seu Manual de Teologia. Se você desejar analisar as passagens bíblicas para cada
parágrafo do texto, basta baixar o Manual de Teologia, que está disponível na internet,
e dá uma olhada. Você verá que o autor faz uso demasiado das Escrituras para suas
afirmações.
A salvação é um presente de Deus totalmente concedido pela graça. Nada
do que fazemos é suficiente para alcançarmos tal salvação. A fé é o meio para
recebermos a salvação, porém não é algo que produzimos por nós mesmos, mas é um
dom de Deus. E essa salvação nos dá bênçãos que são concedidas gratuitamente,
pois Jesus conquistou para nós.
Jesus
conquistou o perdão divino, ou seja,
nos livrou do furor da ira divina que vinha se acumulando sobre a nossa cabeça.
Quando somos despertados desejamos escapar da ira vindoura e nos arrependemos
dos nossos pecados, e nos deparamos com o Cristo que foi exaltado a fim de
conceder o arrependimento e a remissão dos pecados.
Além
do perdão, Jesus conquistou através do sangue e da obediência a justificação, que também é uma benção
divina que nos é concedida mediante a fé fazendo com que Deus nos trate como justos,
como se nunca tivéssemos pecado. Somente por Jesus que podemos receber a
imputação da justiça de Cristo.
Somo
também recebidos por Deus através da adoção
divina. Deus não somente nos perdoa e nos justifica, mas nos adota através de
Cristo e nos chama de filhos.
Mas
para que tudo isso aconteça é necessário que haja em nós uma transformação que
nos transforme radicalmente, ou nos faça nascer de novo, isso é chamado de regeneração. O ato que o Espírito Santo
efetua uma mudança radical em nós, utilizando-se da Palavra e tornando-a
efetiva, produzindo no nosso coração amor por Deus.
Após
a regeneração damos início à santificação.
As novas afeições produzidas pelo Espírito no nosso coração começam a lutar
contra a nossa antiga natureza, gerando um conflito interno, mas o próprio
Espírito age indiretamente através da Palavra e de outros meios da graça para
nos santificar.
Como
conseqüência das bênçãos da salvação, perseveramos
até o fim. Pois a regeneração é eterna, a nossa união com o Senhor não pode ser
desfeita, suas promessas garantem nossa segurança e o verdadeiro crente jamais
pode apostatar da fé, pois o próprio Deus é quem nos sustenta.
A
santificação é um processo, mas um dia esse processo será concluído, então chegaremos
à perfeição. Esse dia será quando
nossos corpos passarem pela transformação semelhante à de Cristo após
ressuscitar. Mas não podemos justificar nossos pecados com a desculpa de que
não somos perfeitos, pois a busca pela perfeição é o anseio do verdadeiro
crente.
A soberania de Deus nos ensina que Ele faz tudo o que Ele quer e
ninguém pode impedi-lo. Mas essa soberania não é arbitrária, pois Ele sempre
tem um propósito sábio e bom. No caso das bênçãos da graça, Deus concede a quem
Ele quer, pois tudo lhe pertence.
Sua
soberania é a base para que Ele nos escolhesse isso se chama eleição. Escolhesse um povo para
servi-lo e estar para sempre ao seu lado. Os eleitos foram amados e escolhidos
desde a eternidade, pois a eleição faz parte do propósito eterno de Deus que é
ensinado claramente nas Escrituras. Deus não escolheu ninguém se baseando em
obras ou em obediência prevista por parte do eleito, caso contrário, isso não
seria eleição. A presciência que Pedro fala significa o conhecimento amoroso,
relacional, profundo de Deus com o eleito, mesmo antes de existirmos de fato. Não
é o mero conhecimento de decisões futuras, mas um conhecimento que Deus antes
de existirmos já nos amou em Cristo e nos elegeu pelo seu eterno propósito.
Os
eleitos tiveram seu perdão assegurado e todos os seus pecados foram levados por
Cristo. Ele realizou por nós a expiação eficaz
dos eleitos levando sobre si os nossos pecados e fazendo-se maldição por nós. Quando
o Senhor veio ao mundo tinha em vista a salvação de um povo peculiar, suas
ovelhas, sua igreja, que sairão dentre todos os ovos, línguas e nações.
Mas
o perdão será efetivado na vida do eleito após ele ser chamado por Deus. Esse
chamado não é somente exterior, mas um chamado
interno e eficaz, chamado que nos conquista e nos coloca nos braços do Pai,
que produz arrependimento, fé e regenera o eleito, que antes estava morto.
Todas
as bênçãos da graça têm o objetivo excluir toda justiça própria dos homens,
toda vanglória, nos concedendo motivos
verdadeiros para vivermos intensamente para Deus. Essas doutrinas honram ao Senhor, unem o povo de Deus e nos preparam
para louvar o nome do Deus soberano já aqui neste mundo.
Considerações Finais
Como
bem disse o apóstolo Paulo: “Ó
profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rom.
11. 33). Creio ser esse o pensamento de John Dagg ao tentar exprimir
esse assunto de tão grande importância para os cristãos que estão tão acostumados
a obterem as coisas somente mediante algum esforço realizado, como uma
recompensa por um trabalho feito. Mas como lemos acima, com Deus não é assim,
antes mesmo de fazermos o bem ou mal, Ele nos amou profundamente e nos reservou
para vivermos ao seu lado.
Talvez
alguns não possam aceitar as exposições de John Dagg, mas terá um grande
desafio em provar o contrário, uma vez que o autor faz uso abundante das
Escrituras para fundamentar cada ideia do seu pensamento.
Recomendo
a leitura dessa obra para todo cristão que ama conhecer mais de Deus e seus
desígnios. Uma leitura de extrema riqueza, pois tem como seu fundamento as
Palavras do próprio Deus reveladas a nós através da Bíblia. Retratando com
propriedade o pensamento reformado, e porque não dizer o pensamento batista,
acerca das doutrinas da graça que sempre estiveram no nosso meio e em nossas
confissões históricas sendo proclamado pelos maiores teólogos, pregadores e missionários
batistas como, Charles Spurgeon, William Carey, John Bunyan, John Gill, e o
autor da obra em questão, John Dagg. Sem falar dos pregadores batistas atuais
que exercem uma grande influência no meio batista como, John Piper, Paul
Washer, Russell Shedd, John MacArthur, Mark Dever, Luiz Sayão, Wilson Porte Jr.
e muitos outros.
Para
finalizar deixarei um texto de Paige Patterson, influente líder batista do Sul dos
Estados Unidos, que escreveu sobre John Dagg:
Se alguém quiser saber no
que a maioria dos batistas criam durante os anos de formação da convenção batista
do sul, descobrirá neste volume (Manual de Teologia). John Leadley Dagg, pastor
teólogo, evangelista, professor e reitor universitário apresenta a essência da
verdade bíblica com notável discernimento, de uma maneira acadêmica, mas, ao
mesmo tempo, notavelmente compreensível. O espírito infatigável deste antigo
pensador batista, que sofreu inúmeras reveses em sua saúde física, brilha com
discernimento prático sobre as doutrinas cruciais que os batistas honravam por
toda parte. Cada pastor, professor e estudante de seminário deveria dar a si
mesmo a oportunidade de se familiarizar com as ideias de um dos nossos mais
sublimes antepassados batistas¹.
Referências
Bibliográficas
DAGG, John L. Manual de Teologia. São Paulo: 1 ed. Missão Evangélica Literária,
1989. Disponível em: http://minhateca.com.br/mosheh/Teologia/Manual+de+Teologia+-+John+L.+Dagg,19015433.pdf. Acesso em 27 de maio de 2014.
¹John Dagg. Disponível em: gilsonsantos.com.br/pdfs/johndagg.pdf.
Acesso em 27 de maio de 2014.
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