Este resumo do livro O Cristianismo Através
dos Séculos, de Earle E. Cairns trata do período da Reforma Protestante que
abalou o mundo e as estruturas do catolicismo Romano no século XVI. Ler sobre a
história da Igreja é importante porque conhecemos os feitos de homens que deram
sua vida pela verdade e foram exemplos para a igreja atual, que vive em meio
aos problemas semelhantes aos mesmos enfrentados pelos reformadores. O
propósito é buscar os acertos e procurar repeti-los e, ao encontrarmos os erros,
procurar não cair neles. Além de conhecermos a nossa história, a fim de preservamos
nossa identidade cristã.
Início
da Reforma e Expansão
Vários fatores contribuíram
para a Reforma. A emergência do novo mundo que estava em expansão provocou
mudanças geográficas, políticas, econômicas, sociais, intelectuais e religiosas
que afetaram todo o mundo e indireta ou diretamente ocasionaram a reforma.
Conforme o autor nos mostra, a reforma tem um sentido que é condicionado pela
visão do historiador, o historiador católico enxerga como uma revolta contra a
igreja universal. Já o protestante como uma reforma da vida religiosa e o
secular como um movimento revolucionário. Das várias razões, ele destaca o
surgimento de uma política descentralizada, o enriquecimento do papado em detrimento
dos países, a renascença, o humanismo, corrupção dos líderes religiosos, e
vários outros fatores sociais e religiosos que impulsionaram a reforma. Após
nos apresentar uma visão contextual do mundo no período da reforma, o autor
começa a nos apresentar os reformadores. Como não poderia ser diferente, o
primeiro reformador foi Martinho Lutero na Alemanha. Lemos um pouco sobre sua
formação, destacando o modo disciplinado e duro que foi criado tanto pelos pais
como pelos seus professores quando criança. Foi à faculdade, aprendeu latim e
na faculdade de Erfurt, em 1501, começou a estudar a filosofia de Aristóteles
sob a influência de professores humanistas que seguiam ideias de Guilherme
Occam. O pai dele queria que ele estudasse direito, mas numa tempestade Lutero
prometeu a Santa Ana que se fosse seguro iria se tornar monge. Depois disso,
ele entrou num mosteiro e em 1507, foi ordenado e celebrou a primeira missa.
Sua luta com a consciência que o acusava dos seus pecados e a ideia da ira de
Deus que Lutero tinha o levou a passar por várias crises ao ponto de perder sua
paz interior, mas entre 1512 e 1516, quando preparava suas aulas, encontrou a
paz interior através do livro de Romanos 1. 17. A partir daí vários conceitos
católicos romanos mudaram na visão de Lutero que o fez afixar as 95 teses na
porta do castelo de Wittenberg, esse ato deu início a Reforma Protestante e
mais tarde, após um debate com John Eck, Lutero foi levado a admitir a
falibilidade de um concílio geral e a confessar a sua relutância em aceitar as
decisões do papa sem questioná-las, e a validade de muitas ideias de Huss. E em
1520, Leão X lançou uma bula que resultou na excomunhão de Lutero. Do ano 1521
a março de 1522, ele ficou no Castelo de Wartburg, devido a perseguição.
Durante esse período, servindo-se da edição do novo testamento grego, feita por
Erasmo, traduziu a bíblia para o alemão. Lutero contribuiu com várias outras
obras teológicas que serviu de base para a Reforma, teve vários embates com
anabatistas, humanistas e até Zwínglio acerca da presença de Cristo na ceia. Em
1546, o Reformador morreu, ficando a liderança do movimento luterano com
Melanchton. A Reforma também chegou na Suíça. O autor destaca três tipos de
teologia desenvolvidos nos territórios suíços. Os cantões do norte seguiram
Zwínglio, os do Sul seguiram Calvino e alguns que tinham trabalhado com
Zwínglio, conhecidos como anabatistas seguiram o seu próprio caminho. Começando
com Zwínglio, pertencente a primeira geração de reformadores, se formou na
universidade de Basiléia em artes, em 1504, recebendo grau de mestre dois anos
depois. Serviu ao papado como capelão e fervoroso compatriota. Entre 1516 e
1518, serviu como pastor e começou a e opor a alguns abusos do sistema romano
das indulgências e a imagem negra da virgem Maria. Converteu-se em meio a uma
epidemia bubônica em 1519 e após declarar que os dízimos não eram uma exigência
divina, mas uma questão de voluntariedade, abalou as bases financeiras do
sistema romano, levantando a bandeira da Reforma. Após um debate, o conselho da
cidade decidiu-se pelos ensinos de Zwínglio e suas ideias ganharam logo
condição de legalidade. Em 1527, um sínodo das igrejas evangélicas suíças foi
formado e a bíblia traduzida para a língua do povo. Zwínglio morreu combatendo
com os seus soldados como capelão. O outro grupo chamado de Anabatistas surgiu
primeiro na Suíça devido a liberdade neste país. Temos três principais líderes
do movimento, Conrad Grebel, Balthasar Humbmaier e Meno Simons, sendo este
último o responsável pela não extinção do movimento. O terceiro grupo e o mais
influente reformador foi João Calvino, tanto que o movimento ficou conhecido
como calvinismo, e conforme o autor nos mostra, o termo “fé reformada”
aplica-se ao sistema de teologia desenvolvido a partir do sistema de Calvino.
Dividindo sua vida em dois momentos, temos um estudante distraído, até 1536; de
1536 até 1564 o grande líder de Genebra. Nasceu na França, seu pai era um
respeitado cidadão, e isso possibilitou a educação de Calvino através dos
benefícios eclesiásticos. Formou-se em direito e adotou as ideias protestantes,
convertendo-se entre 1532 e 1533. Sua maior e mais influente obra chama-se
Institutas da Religião Cristã, que escreveu quando ainda tinha 26 anos de
idade. A sua teologia é resumida no acróstico TELIP (TULIP em inglês), e é permeada pela soberania absoluta de Deus. O
autor nos diz que embora a teologia de Calvino se pareça com a de Agostinho,
ela se deve mais ao estudo da Bíblia do que Agostinho. Calvino não teria sido o
grande reformador se não fosse por Guilherme Farel, que o convenceu a trabalhar
a favor da reforma, mesmo Calvino se recusando, Farel insistiu até o jovem
Calvino aceitar seu convite. Morreu em 1564, mas suas contribuições foram
muitas, desde os escritos ao avanço da democracia. O calvinismo, ou fé
reformada ganhou muito espaço durante o século XVI em outras regiões europeias.
Começamos pela França, onde iniciou uma irrupção da Reforma através dos
escritos de Lutero, mas devido a grande influência de Calvino, o calvinismo foi
mais aceito. Na Alemanha o calvinismo foi uma opção para aqueles que haviam se
afastado de Lutero, cuja influência calvinista na Alemanha preparou o Catecismo
de Heidelberg. Na Hungria o avanço deu-se através de Húngaros que iam estudar
em Genebra e Wittenberg e quando voltavam ao seu país, divulgavam a fé
reformada o que fez povo húngaro adotar o protestantismo rapidamente. John Knox
foi o responsável pela reforma na Escócia. Homem corajoso e muito influenciado
por Calvino. Os presbiterianos que colonizaram a Irlanda levaram também a
Reforma, mas a Irlanda do Norte permaneceu fiel ao papa. Já na Holanda o
Luteranismo não foi bem aceito, mas devido ser mais democrático, o calvinismo
lhes interessou e vale lembrar que este foi o único país conquistado pelo
protestantismo depois da Contra-Reforma. A Reforma na Inglaterra, o autor trata
de forma mais apurada, devido sua enorme extensão. As causas apontadas para a
Reforma foram à dominação da igreja romana, o fator intelectual, em especial,
os estudos dos humanistas que se voltaram para a Bíblia, e a tradução da Bíblia
para a língua inglesa feita por William Tyndale e Miles Coverdale. Mas o fator
direto foi o desejo de Henrique VIII de casar-se novamente com Ana e separar-se
de Catarina sua esposa. Quando Henrique morreu, Eduardo VI, seu filho, assumiu
o trono e intensificou a Reforma na Inglaterra, mas Maria que era católica de
coração, foi a responsável por fazer a reação católica. Após veio Elisabeth e
conseguiu ter certa moderação quanto a que grupo religioso seguir. Não podemos
esquecer que foi na Inglaterra que urgiram os puritanos e separatistas. Os
primeiros, não eram dissidentes, mas uma parte da igreja Anglicana que queriam
uma igreja presbiteriana. Seu principal defensor foi Thomas Cartwright,
professor de teologia em Cambridge. Já o segundo grupo, queriam tornar a igreja
congregacional, foram conhecidos como independentes. Henry Jacob um dos seus
líderes. Um grupo de separatista, devido a perseguição, emigraram para Amsterdã
sob a liderança de John Smith e foram influenciados pelos menonitas. Smith se
auto batizou e, em seguida, batizou todos os membros da sua congregação. Mas
grande parte deste grupo se juntou aos menonitas e outra parte, sob a liderança
de Thomas Helwys retornaram à Inglaterra em 1612 e organizaram a primeira
igreja batista inglesa. Batizavam por afusão e seguiam as doutrinas arminianas,
por isso ficaram conhecidos como Batistas Gerais. Outro grupo
mais forte de batistas calvinistas, que foram chamados de particulares surgiu de
um cisma da congregação de Henry Jacob, em Londres, em 1633. Estes sustentavam
o batismo de crentes por imersão, e uma teologia calvinista. Esta congregação
foi a mais influente do movimento batista inglês, conforme o autor registra.
A Igreja, em sua perseguição, nos fortalece a continuarmos firmes com as perenes ameaças do mundo moderno. A Igreja, em sua reafirmação teológica, nos move a buscar sempre a verdade bíblica em todos os aspectos do cristianismo. A Igreja, em tempos de disputas, nos faz entender a necessidade de sermos respeitosos e organizados para, como ela fez nos Concílios, buscarmos o acordo em democracia. A Igreja, em sua luta contra as heresias, nos ajuda a perceber o quão necessário é refutar aqueles que mentem nos púlpitos e levam as ovelhas a seguir os caminhos errados. A Igreja, em seus eventos evangelísticos, nos desperta para a importância da pregação do Evangelho, para uma exposição bíblica e fiel da doutrina cristã e para uma comoção e amor pelas almas perdidas. A Igreja, em seu passado, nos ensina a ser Igreja no futuro.
ResponderExcluirExcelente comentário Richardson!
ExcluirRealmente temos muito o que aprender ao estudarmos História da Igreja.