Este texto é uma análise
da formação do cânon do Novo Testamento, sob a perspectiva de três autores. Será
apresentado o seu significado, como foi aceito pelas igrejas, desenvolvimento,
época de sua formação e conclusão do cânon.
No decorrer do trabalho,
podemos ver a mão de Deus direcionando Sua à igreja quanto à formação do cânon.
Deus jamais desamparou seu povo e nem desamparará. E este estudo sobre o cânon
nos deixa mais certos dessa verdade.
Significado
de Cânon
Os autores são unanimes
quanto ao significado do termo cânon. Todos afirmam que a palavra cânon tem raiz na palavra "cana",
"junco" (do hebraico geneh, através do grego kanon). O
"junco" era usado como uma vara para medir e avaliar..." mais
tarde teve o sentido de "lista" ou "rol".
Aplicada às Escrituras, a palavra cânon
significa "uma lista de livros oficialmente aceitos". Assumiu
depois o significado de “relação”, “enumeração”, “lista dos livros” do Antigo e
do Novo Testamento que a Igreja considera como inspirados e que servem de
“norma”, de “medida” da fé, isto é, de “base e critério” para o ministério da
pregação e do ensino no caminho da justiça.
Critério
Canônico
Segundo
o Frei Ildo Perondi, depois da morte e ressurreição de Cristo, a igreja
continuou a obra que o Senhor havia ordenado. Assim, do ano 30 até o ano 51,
o que existia do Novo Testamento era somente a pregação viva da Igreja,
daquilo que Jesus “fez e disse”. O que dinamizava as diversas Igrejas
(Jerusalém, Samaria, Damasco, Antioquia, Corinto, Tessalônica, Éfeso, Roma
etc.).
A
Igreja, desde o primeiro dia de sua existência, possuía o Antigo Testamento
como Escrituras inspiradas. Contudo, para a Igreja primitiva, este Antigo
Testamento era, em seu sentido mais profundo, profecia do Cristo - a
autoridade última era o próprio Cristo. Cristo tinha enviado os seus Apóstolos
para proclamar a Boa-Nova e edificar a comunidade cristã. Eles tinham sido
testemunhas oculares de sua obra e ouvintes de suas palavras. Portanto, a
Igreja primitiva tinha três autoridades: o Antigo Testamento, o
Senhor Jesus e os Apóstolos.
O autor J. M. Bentes destaca o pôr que do cânon haver sido formado.
Ele diz que sempre existiram falsos livros e falsas mensagens. E por
representarem ameaça constante, surgiu-se a necessidade de que o povo de Deus
tivesse mais cuidado com a coleção de livros sagrados guardados consigo, pois poderia
haver alguns erros. A partir daí a igreja passou a questionar esses livros
sagrados mediante cinco critérios; ao qual são eles:
a) O livro é autorizado - Veio de Deus;
b) É profético - Foi escrito por um
servo de Deus;
c) É digno de confiança - Fala a
verdade a cerca de Deus;
d) É Dinâmico - Possui o poder que
transforma vidas;
e) É aceito pelo povo de Deus para o
qual foi originalmente escrito.
O
autor Pr. Azevedo, também nos dá alguns critérios para aceitação dos livros. Em resumo o processo foi o seguinte: os
livros que chamamos de Novo Testamento foram escritos; eles foram amplamente
lidos; foram aceitos pelas igrejas como úteis para a vida e a doutrina; foram
introduzidos na adoração pública da igreja; ganharam aceitação através de toda
a igreja e não apenas das congregações locais; e foram oficialmente aprovados
mediante decisão formal da igreja.
O
Surgimento de um Cânon
Segundo J. M. Bentes, a princípio os 27 livros dos canônicos do
Novo Testamento foram reconhecidos oficialmente. A partir daí não houve
movimentos dentro do Cristianismo no sentido de acrescentar ou eliminar livros.
O cânon do Novo Testamento encontrou acordo geral no seio da igreja universal.
Frei Ildo Perondi nos informa alguns movimentos que
aconteceram após o surgimento do cânon. Como o primeiro catálogo oficial de um
sínodo que enumera todos os livros do cânon atual é o do Sínodo de Hipona na
África, do ano 393. Este cânon foi confirmado no Concílio particular de Cartago
(419) contando-se Hb simplesmente entre as cartas paulinas. A Igreja
grega, no segundo Concílio Trulano (692) aceitou o mesmo cânon na
sua integra. O patriarca Fócio (†891) reiterou-lhe a aprovação outorgando-o à
Igreja grega inteira. Na Igreja Ocidental encontramos iguais elencos de livros
sacros no Decreto Gelasiano, do papa Gelásio (492-496), bem como
no decreto do Concilio de Florença contra os Jacobitas (1441).
Com tudo isso, o debate sobre a extensão do cânon bíblico parecia encerrado. No
Concílio de Trento a discussão foi renovada por Martinho Lutero que,
embora traduzisse os livros deuterocanônicos, os colocou no fim da Bíblia,
tachando-os de apócrifos e “não pertencentes à Escritura Sagrada, mas úteis
de serem lidos”. A posição de Lutero em face de Hb, Tg, Jd e Ap não é
clara. Não os conta entre os livros que “fazem brotar Cristo”. Estão na sua
versão do Novo Testamento de 1522 e 1546, mas, contrariamente aos outros
livros, sem numeração e sumários de conteúdo. Só nas edições posteriores abandonou-se
a discriminação. Por isso, o Concílio de Trento, viu-se obrigado
a decidir a questão definitivamente para toda a Igreja.
A
Conclusão do Cânon do Novo Testamento
O
Pr. Azevedo ressalta que é evidente
que nem todos os livros do atual Novo Testamento eram conhecidos ou aceitos por
todas as igrejas do Oriente e do Ocidente durante os primeiros quatro séculos
da era cristã. As variações do cânon eram devidas a condições e interesse
locais. O cânon existente surgiu de um vasto corpo de tradição oral e escrita e
de especulação, e impôs-se às igrejas devido a sua autenticidade e poder
dinâmico inerentes. Sendo, portanto um fruto do emprego de vários escritos que
provavam o seu mérito e a sua unidade pelo seu dinamismo interno. Alguns foram
reconhecidos mais lentamente do que os outros devido ao seu pouco tamanho ou
devido ao caráter remoto ou particular do seu destino ou até mesmo ao anonimato
no tocante a autoria, ou falta de aplicabilidade às necessidades da igreja
naquele período. Porém, nenhum desses fatores trabalham contra a inspiração
divina destes livros ou contra o seu direito de possuir um lugar na palavra
autorizada do Deus Todo-Poderoso.
Segundo Frei Ildo Perondi, um dos resultados da História do
Cânon é demonstrar o principio da “sola scriptura” (só a Bíblia). Cada
livro em particular tem a sua origem no seio do povo eleito do Antigo e do Novo
Testamento, refletindo a Tradição sagrada do povo de Deus. Nem Cristo nem os
Apóstolos deixaram à Igreja um cânon delimitado e obrigatório. Foi depois
de hesitações seculares e muitos debates entre províncias eclesiásticas e os
teólogos que a Igreja, sob a assistência do Espírito Santo, decidiu quais
livros serviriam de fontes de revelação de ambos os Testamentos.
Conclusão
A formação do cânon nos faz enxergar a providência de Deus para com o
Seu povo. E que cabe a nós, seguidores e ouvintes da palavra, darmos
glória a Deus por tudo que esses livros puderam e podem trazer a nós.
Bibliografia
J. M. Bentes. A Credibilidade da Bíblia.
PERONDI, Frei Ildo. Introdução a Bíblia: O Cânon da Bíblia.
Disponível em:< http://www.presbiteros.com.br/Patristica/Canon.htm >.Acesso
em: 24 de Out. de 2012.
PINHEIRO, Azevedo. Formação do
Cânon do Novo Testamento. Disponível em:< http://www.pastorazevedo.com.br/teologicos_ver.php?id=77 >. Acesso em: 24
de Out. de 2012.
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