Este é um resumo de um capítulo do livro Teologia da Educação Cristã que elaborei no Seminário para a discilpina de Educação Religiosa. Espero que esse breve texto nos impulsione a desempenharmos nosso papel no ensino de forma eficaz e que glorifique a Deus.
Introdução
A educação cristã quer
ajudar as pessoas a se tornarem o que seus professores são. Portanto é de suma
importância que a vida do professor seja conforme o seu ensinamento. A educação
cristã quer ajudar no processo de crescimento; no crescimento gradual do crente
em direção a Cristo e a uma exteriorização cada vez mais adequada do Seu
caráter.
Esta
tarefa única de edificar homens e mulheres para serem iguais a Cristo é: fazer
discípulos.
Como
fazer discípulos?
O relacionamento de Jesus
com os seus discípulos nos mostra o Seu objetivo e o que Ele fez para alcançá-lo.
Jesus, enquanto viveu e ensinou os doze, visava a sua transformação: Sua meta
era fazer a vida crescer.
Uma análise superficial e não exaustiva das
passagens onde Jesus ensinava Seus discípulos, mostra que havia diversos tipos
de relacionamento. Não era uma “escola” típica, onde os que eram treinados
ouviam o professor por uma hora, e depois voltavam sem ele para a vida. Jesus
convivia com os discípulos; participava das suas experiências e dos seus
traumas. Havia interação constante entre eles.
Encontramos diversas vezes
os discípulos ouvindo enquanto Jesus ensinava e instruía. Outras vezes os discípulos
estão observando a reação de Jesus a situações, pessoas e acontecimentos. Mais
de uma vez Jesus estimulava os discípulos a que fizessem perguntas, pedindo
explicações e interpretações. Além disto, Ele às vezes faz perguntas aos
discípulos. Os discípulos participavam do ministério de Jesus.
Estas poucas ilustrações nos ajudam a
compreender que fazer discípulos é um processo de relacionamento interpessoal,
que envolve professor e aluno em muitas experiências da vida real. Fazer a vida
de Deus se desenvolver na pessoa parece exigir um contexto de vida, um modelo
do qual o discípulo pode aprender, através do relacionamento íntimo com seu
mestre.
Ensinar
e aprender
Muitas vezes “fazer e
ensinar” andam juntos, e não é incomum encarar o culto da igreja como
instruir-se mutuamente com “salmos e hinos e cânticos espirituais”.
O
centro disto tudo é fácil de determinar. “Ensinar pode nos lembrar de professor
e sala de aula formal, porém o conceito engloba muito mais do que isto”!
Limitar a educação cristã as formas tradicionais é limitar tragicamente nossa
idéia de ensino e aprendizado.
Assim
como os termos bíblicos para ensinar e aprender não conferem um prêmio especial
à habilidade de processar informação, os termos para conhecer também não
exaltam o intelecto como um fim em si mesmo. Novamente voltamos às palavras de
Jesus para captar o significado principal de ensino e aprendizado, no sentido
em que a educação cristã deve entendê-los: “Todo aquele que for bem instruído
será como seu mestre” (Lc 6: 40). Será como ele naquilo que ele sabe, sim. Mas saber
o que o professor sabe não é o objetivo. O objetivo é ser como ele é.
Transmitir vida com seu conceito, atitude, valores, emoções e entrega, exige
que a pessoa reparta com a outra tudo que for necessário para fazê-la mais
semelhante a Cristo.
Seguir
e imitar
Para transmitir vida
parece ser importante que haja um modelo ou exemplo. Jesus disse, quando estava
lavando os pés dos discípulos: “Eu vos dei o exemplo” (Jo 13: 15). Encontramos
a mesma idéia no conhecido chamado de Jesus: “Siga-me” (Mt 9: 9). “Vinde após
mim”, Jesus disse, “e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4: 19). Em outras
palavras, Eu farei com que vocês sejam como eu sou.
Isto
vai além da imitação de comportamento! As atitudes e valores do modelo devem se
tornar parte da personalidade do discipulando, e até conceitos podem ser um
modelo para nós.
Jesus
chamou os discípulos para que estivessem com Ele, porque eles precisavam ver na
prática os conceitos que Ele estava ensinando. Eles tinham de ver a Palavra
encarnada para entendê-la de verdade e corresponde-lhe, tornando-se como seu
líder!
Uma
passagem crítica
Examinando
a passagem de Dt 6: 4-7, vemos claramente os elementos críticos que já
observamos no ministério de Jesus.
Ø Um modelo é pré-requisito. O
professor deve ser uma pessoa que tenha um relacionamento amoroso pessoal com o
Senhor. E este amor tem de ser demonstrado assimilando palavras da escritura. A
verdade revelada também tem de ser vivida.
Ø Intercâmbio. O
relacionamento sem par entre pais e filhos – prolongado, estável, amoroso,
variado – é o contexto ideal para a comunicação da verdade revelada e do seu
impacto na vida. Facilita também a compreensão de motivações, sentimentos e
atitudes, além da imitação do comportamento.
Ø Vida como contexto. A
palavra escrita é um elemento necessário na educação cristã. Professor e aluno
fazem experiências juntos. Na vida em si a Palavra é ensinada e discutida!
São estes os elementos sobre
os quais a educação cristã deve novamente chamar a atenção, se estamos mesmo
pensando em vida. E temos de estar expostos a abordar, com estas dimensões de
ensino e aprendizado – modelo, intercâmbio e a vida como contexto – a
reconstrução da educação cristã na igreja.
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