quinta-feira, 17 de abril de 2014

Teologia da Educação Cristã: Comunicação de Vida


Este é um resumo de um capítulo do livro Teologia da Educação Cristã que elaborei no Seminário para a discilpina de Educação Religiosa. Espero que esse breve texto nos impulsione a desempenharmos nosso papel no ensino de forma eficaz e que glorifique a Deus. 

Introdução
A educação cristã quer ajudar as pessoas a se tornarem o que seus professores são. Portanto é de suma importância que a vida do professor seja conforme o seu ensinamento. A educação cristã quer ajudar no processo de crescimento; no crescimento gradual do crente em direção a Cristo e a uma exteriorização cada vez mais adequada do Seu caráter.
            Esta tarefa única de edificar homens e mulheres para serem iguais a Cristo é: fazer discípulos.

Como fazer discípulos?
O relacionamento de Jesus com os seus discípulos nos mostra o Seu objetivo e o que Ele fez para alcançá-lo. Jesus, enquanto viveu e ensinou os doze, visava a sua transformação: Sua meta era fazer a vida crescer.
  Uma análise superficial e não exaustiva das passagens onde Jesus ensinava Seus discípulos, mostra que havia diversos tipos de relacionamento. Não era uma “escola” típica, onde os que eram treinados ouviam o professor por uma hora, e depois voltavam sem ele para a vida. Jesus convivia com os discípulos; participava das suas experiências e dos seus traumas. Havia interação constante entre eles.
Encontramos diversas vezes os discípulos ouvindo enquanto Jesus ensinava e instruía. Outras vezes os discípulos estão observando a reação de Jesus a situações, pessoas e acontecimentos. Mais de uma vez Jesus estimulava os discípulos a que fizessem perguntas, pedindo explicações e interpretações. Além disto, Ele às vezes faz perguntas aos discípulos. Os discípulos participavam do ministério de Jesus.
Estas poucas ilustrações nos ajudam a compreender que fazer discípulos é um processo de relacionamento interpessoal, que envolve professor e aluno em muitas experiências da vida real. Fazer a vida de Deus se desenvolver na pessoa parece exigir um contexto de vida, um modelo do qual o discípulo pode aprender, através do relacionamento íntimo com seu mestre.

Ensinar e aprender
            Muitas vezes “fazer e ensinar” andam juntos, e não é incomum encarar o culto da igreja como instruir-se mutuamente com “salmos e hinos e cânticos espirituais”.
            O centro disto tudo é fácil de determinar. “Ensinar pode nos lembrar de professor e sala de aula formal, porém o conceito engloba muito mais do que isto”! Limitar a educação cristã as formas tradicionais é limitar tragicamente nossa idéia de ensino e aprendizado.
            Assim como os termos bíblicos para ensinar e aprender não conferem um prêmio especial à habilidade de processar informação, os termos para conhecer também não exaltam o intelecto como um fim em si mesmo. Novamente voltamos às palavras de Jesus para captar o significado principal de ensino e aprendizado, no sentido em que a educação cristã deve entendê-los: “Todo aquele que for bem instruído será como seu mestre” (Lc 6: 40). Será como ele naquilo que ele sabe, sim. Mas saber o que o professor sabe não é o objetivo. O objetivo é ser como ele é. Transmitir vida com seu conceito, atitude, valores, emoções e entrega, exige que a pessoa reparta com a outra tudo que for necessário para fazê-la mais semelhante a Cristo.

Seguir e imitar
            Para transmitir vida parece ser importante que haja um modelo ou exemplo. Jesus disse, quando estava lavando os pés dos discípulos: “Eu vos dei o exemplo” (Jo 13: 15). Encontramos a mesma idéia no conhecido chamado de Jesus: “Siga-me” (Mt 9: 9). “Vinde após mim”, Jesus disse, “e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4: 19). Em outras palavras, Eu farei com que vocês sejam como eu sou.
            Isto vai além da imitação de comportamento! As atitudes e valores do modelo devem se tornar parte da personalidade do discipulando, e até conceitos podem ser um modelo para nós.
            Jesus chamou os discípulos para que estivessem com Ele, porque eles precisavam ver na prática os conceitos que Ele estava ensinando. Eles tinham de ver a Palavra encarnada para entendê-la de verdade e corresponde-lhe, tornando-se como seu líder!

Uma passagem crítica
            Examinando a passagem de Dt 6: 4-7, vemos claramente os elementos críticos que já observamos no ministério de Jesus.
Ø  Um modelo é pré-requisito. O professor deve ser uma pessoa que tenha um relacionamento amoroso pessoal com o Senhor. E este amor tem de ser demonstrado assimilando palavras da escritura. A verdade revelada também tem de ser vivida.
Ø  Intercâmbio. O relacionamento sem par entre pais e filhos – prolongado, estável, amoroso, variado – é o contexto ideal para a comunicação da verdade revelada e do seu impacto na vida. Facilita também a compreensão de motivações, sentimentos e atitudes, além da imitação do comportamento.
Ø  Vida como contexto. A palavra escrita é um elemento necessário na educação cristã. Professor e aluno fazem experiências juntos. Na vida em si a Palavra é ensinada e discutida!

São estes os elementos sobre os quais a educação cristã deve novamente chamar a atenção, se estamos mesmo pensando em vida. E temos de estar expostos a abordar, com estas dimensões de ensino e aprendizado – modelo, intercâmbio e a vida como contexto – a reconstrução da educação cristã na igreja.

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