quinta-feira, 17 de abril de 2014

Antropologia Missionária


Este é um resumo do livro Antropologia Missionária do Missionário Ronaldo Lidório para a disciplina de Antropologia do Seminário. A leitura do livro é muito agradável e nos abençoa muito com o conhecimento e experiência do autor sobre missões e está disponível para download no site:
http://juvep.com.br/v2/wp-content/uploads/2012/09/eBook-Antropologia-Missionaria-Ronaldo-Lidorio.pdf   

Resumo
O objetivo do autor é abordar a antropologia como aliada no desenvolvimento de ideias, fomentação de estudo e conhecimento humano e, sobretudo, como uma ferramenta prática no processo de adaptação pessoal, desenvolvimento de projetos e exposição do evangelho no campo missionário. Por se tratar de antropologia e missiologia, o autor pontua alguns pressupostos teológicos: o impositivismo que é natural tendência humana de aplicar a outros povos sua forma adquirida de pensar e interpretar, cuja exposição impositiva pode levar as pessoas ao nominalismo evangélico e ao sincretismo religioso; o pragmatismo que pode ser visto quando assumimos uma abordagem puramente prática na contextualização, mas devemos ser lembrados que nem tudo o que é funcional é bíblico; e o sociológico que é aceitar a contextualização como sendo nada mais do que uma cadeia de soluções para as necessidades humanas, em uma abordagem puramente humanista. No segundo capítulo, o autor conceitua a antropologia, cultura e o homem, que segundo ele são os focos principais do estudo antropológico. Ele começa com a antropologia, buscando desde o século XIX o surgimento das teorias antropológicas. Nesse século surgiu o evolucionismo unilinear, que aplica a teoria da evolução na culturalidade e gera o pressuposto que o homem passaria por estágios de evolução cultural. Surgiu também o particularismo histórico que questionou o evolucionismo unilinear propondo que cada cultura possui sua historicidade que demanda respeito. Em 1940 nasceu a antropologia estrutural que defendia que existem regras estruturantes das culturas na mente humana e é necessário compreender o padrão mental, de pensamento e comunicação de um povo, a fim de compreender a sua cultura. Também veio o funcionalismo estrutural defendendo que a estrutura social é o ponto central em uma sociedade e todas as atividades e fatos sociais (valores, religião, organização familiar etc) são desenvolvidos com a finalidade de manter a estrutura social estável. E por fim, a antropologia hermenêutica ou interpretativa que defende a identificação do significado cultural a partir da observação e análise de ritos, mitos, cosmogonias e assim por diante e a interpretação destes fatos sociais. “O autor define antropologia como o resultado da aglutinação histórica de impressões, fatos e ideias sobre a identidade do homem disperso em seus diferentes ajuntamentos sociais”. O conceito de cultura é “os sistemas mais ou menos integrados de idéias, sentimentos, valores e seus padrões associados de comportamento e produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz”. E por fim o conceito de homem como sendo o ser em cultura, que se define a partir da sua história, suas idéias e envolvimento social. No capítulo três é feita a abordagem da orientação de aquisição linguística, onde é necessário conviver com o povo a ser abordado e padrões de abordagem cultural, que são os padrões éticos, êmico e êmico teológico. O padrão ético é a interpretação da cultura em que os critérios de julgamento são inteiramente nossos, segundo nossa ideologia, ideia e cultura. O padrão êmico é a baseada na interpretação das pessoas que praticam o fato. E o padrão êmico-teológico é analisarmos os fatos sociais por lentes êmicas, compreendo seu valor para o povo que os experimenta, e após termos feito esta caminhada, expormos a estes o evangelho de forma viva e aplicável, compreensível em seu próprio universo. No quarto capítulo, o autor apresenta alguns métodos antropológicos para o estudo da cultura, que vai desde o mais usado como o método de observação participante, até os métodos adaptativos e idealistas. No final do capítulo são apresentados os três métodos que serão usados pelo autor no estudo antropológico. São eles: métodos, Antropos, Pneumatos e Angelos. Nos capítulos restantes o autor explica os três métodos citados anteriormente, em que são dados exemplos práticos e é feita a elaboração de questionários para que o estudioso possa estudar o grupo-alvo de forma mais eficiente. Vale ressaltar, que nos capítulo oito, o autor faz uma abordagem sobre cultura e religiosidade, em que aborda a relação entre o sagrado, profano, tabus e assuntos pertinentes, olhando alguns conceitos antropológicos. Concluindo, a metodologia apresentada pelo autor pode lhe ser útil de forma integral, se você aplicá-la em um contexto específico, como também de forma parcial, na qual você pode pinçar aquilo que se aplica ao seu contexto.

Teologia da Educação Cristã: Comunicação de Vida


Este é um resumo de um capítulo do livro Teologia da Educação Cristã que elaborei no Seminário para a discilpina de Educação Religiosa. Espero que esse breve texto nos impulsione a desempenharmos nosso papel no ensino de forma eficaz e que glorifique a Deus. 

Introdução
A educação cristã quer ajudar as pessoas a se tornarem o que seus professores são. Portanto é de suma importância que a vida do professor seja conforme o seu ensinamento. A educação cristã quer ajudar no processo de crescimento; no crescimento gradual do crente em direção a Cristo e a uma exteriorização cada vez mais adequada do Seu caráter.
            Esta tarefa única de edificar homens e mulheres para serem iguais a Cristo é: fazer discípulos.

Como fazer discípulos?
O relacionamento de Jesus com os seus discípulos nos mostra o Seu objetivo e o que Ele fez para alcançá-lo. Jesus, enquanto viveu e ensinou os doze, visava a sua transformação: Sua meta era fazer a vida crescer.
  Uma análise superficial e não exaustiva das passagens onde Jesus ensinava Seus discípulos, mostra que havia diversos tipos de relacionamento. Não era uma “escola” típica, onde os que eram treinados ouviam o professor por uma hora, e depois voltavam sem ele para a vida. Jesus convivia com os discípulos; participava das suas experiências e dos seus traumas. Havia interação constante entre eles.
Encontramos diversas vezes os discípulos ouvindo enquanto Jesus ensinava e instruía. Outras vezes os discípulos estão observando a reação de Jesus a situações, pessoas e acontecimentos. Mais de uma vez Jesus estimulava os discípulos a que fizessem perguntas, pedindo explicações e interpretações. Além disto, Ele às vezes faz perguntas aos discípulos. Os discípulos participavam do ministério de Jesus.
Estas poucas ilustrações nos ajudam a compreender que fazer discípulos é um processo de relacionamento interpessoal, que envolve professor e aluno em muitas experiências da vida real. Fazer a vida de Deus se desenvolver na pessoa parece exigir um contexto de vida, um modelo do qual o discípulo pode aprender, através do relacionamento íntimo com seu mestre.

Ensinar e aprender
            Muitas vezes “fazer e ensinar” andam juntos, e não é incomum encarar o culto da igreja como instruir-se mutuamente com “salmos e hinos e cânticos espirituais”.
            O centro disto tudo é fácil de determinar. “Ensinar pode nos lembrar de professor e sala de aula formal, porém o conceito engloba muito mais do que isto”! Limitar a educação cristã as formas tradicionais é limitar tragicamente nossa idéia de ensino e aprendizado.
            Assim como os termos bíblicos para ensinar e aprender não conferem um prêmio especial à habilidade de processar informação, os termos para conhecer também não exaltam o intelecto como um fim em si mesmo. Novamente voltamos às palavras de Jesus para captar o significado principal de ensino e aprendizado, no sentido em que a educação cristã deve entendê-los: “Todo aquele que for bem instruído será como seu mestre” (Lc 6: 40). Será como ele naquilo que ele sabe, sim. Mas saber o que o professor sabe não é o objetivo. O objetivo é ser como ele é. Transmitir vida com seu conceito, atitude, valores, emoções e entrega, exige que a pessoa reparta com a outra tudo que for necessário para fazê-la mais semelhante a Cristo.

Seguir e imitar
            Para transmitir vida parece ser importante que haja um modelo ou exemplo. Jesus disse, quando estava lavando os pés dos discípulos: “Eu vos dei o exemplo” (Jo 13: 15). Encontramos a mesma idéia no conhecido chamado de Jesus: “Siga-me” (Mt 9: 9). “Vinde após mim”, Jesus disse, “e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4: 19). Em outras palavras, Eu farei com que vocês sejam como eu sou.
            Isto vai além da imitação de comportamento! As atitudes e valores do modelo devem se tornar parte da personalidade do discipulando, e até conceitos podem ser um modelo para nós.
            Jesus chamou os discípulos para que estivessem com Ele, porque eles precisavam ver na prática os conceitos que Ele estava ensinando. Eles tinham de ver a Palavra encarnada para entendê-la de verdade e corresponde-lhe, tornando-se como seu líder!

Uma passagem crítica
            Examinando a passagem de Dt 6: 4-7, vemos claramente os elementos críticos que já observamos no ministério de Jesus.
Ø  Um modelo é pré-requisito. O professor deve ser uma pessoa que tenha um relacionamento amoroso pessoal com o Senhor. E este amor tem de ser demonstrado assimilando palavras da escritura. A verdade revelada também tem de ser vivida.
Ø  Intercâmbio. O relacionamento sem par entre pais e filhos – prolongado, estável, amoroso, variado – é o contexto ideal para a comunicação da verdade revelada e do seu impacto na vida. Facilita também a compreensão de motivações, sentimentos e atitudes, além da imitação do comportamento.
Ø  Vida como contexto. A palavra escrita é um elemento necessário na educação cristã. Professor e aluno fazem experiências juntos. Na vida em si a Palavra é ensinada e discutida!

São estes os elementos sobre os quais a educação cristã deve novamente chamar a atenção, se estamos mesmo pensando em vida. E temos de estar expostos a abordar, com estas dimensões de ensino e aprendizado – modelo, intercâmbio e a vida como contexto – a reconstrução da educação cristã na igreja.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Chamados para Servir



A nossa cultura está cheia de desejo em ser servido e não de servir. Encontramos muitas pessoas que adoram ser servidas, mas não levantam um fio de cabelo para servir aos outros. Na visão de muitas pessoas aquele que serve é alguém que está numa classe econômica menor, que não tem prestígio ou status diante da sociedade. Na realidade aqueles que querem ser servidos se acham maiores do que aqueles que os servem e por isso os menores devem servir os maiores.
Mas o que nos deixa mais impressionados é que esse pensamento não está somente na visão secular, mas também na mente de muitas pessoas que estão dentro das igrejas. Mas no Reino de Deus não é assim! É totalmente ao contrário e não podemos aceitar na igreja pessoas que não querem servir ao seu próximo, porque o nosso chamado foi para servirmos a Deus e ao próximo e não para sermos servidos. No mundo pode ser assim, mas na igreja não importa sua classe social, suas posses, seu status... Todos são iguais e no mesmo patamar, nenhum é maior que o outro.
Mas para começo de conversa vamos ver o que significa servir ou ser servo?
Existem duas palavras no Novo Testamento grego (língua original em que foi escrito) que se referem a ser servo e servir: “doulos” e diakonos”. Doulos: Literalmente significa escravo. Como no caso de Lucas 7: 2 (E o servo do centurião...). Essa palavra era a mesma usada para os escravos do Centurião. Mas os apóstolos a usaram também como escravo de Deus com ênfase na sua reivindicação exclusiva: Romanos 1: 1 (Paulo, escravo ou servo de Jesus Cristo...).  Diakonos: Literalmente servo ou empregado. Em Mateus. 20: 26 diz que “Aquele que quiser ser o maior será vosso serviçal”. e em João 2: 5 “Maria disse aos empregados...”.
Existe alguma diferença entre diakonos e doulos?
Doulos se refere a nossa posição diante do Senhor, ou seja, como deveríamos nos considerar diante do nosso Senhor. Enquanto que Diakonos se refere a nossa ação diante do Senhor, diz respeito ao seu serviço em prol da Igreja, dos seus irmãos e do seu próximo, em prol da comunhão, quer o serviço se realize ao servir à mesa, com a palavra, ou de alguma outra maneira.
Então quer dizer que fomos chamados para ser servos ou escravos?
Entregar nossa vida a Cristo é nos tornarmos escravos Dele: Somos possessão absoluta de Cristo. Jesus nos amou e nos comprou mediante um alto preço (1 Co. 6.20). Por isso, não podemos pertencer a mais ninguém além de Jesus Cristo. Nós devemos sentir prazer em fazer a Sua vontade: Devemos à Cristo obediência absoluta. Não temos vontade própria; Nossa vontade é cativa à vontade do nosso senhor. As decisões do seu senhor são as que regem a nossa vida. Paulo não tem outra vontade senão a de Cristo. Seu projeto de vida é obedecer a Ele. Ser servo de Cristo é a maior honra. Esse é o mais elevado dos títulos.
A escravidão cristã não é uma sujeição humilhante e degradante; pelo contrário, como disse Agostinho, quanto mais servos de Cristo somos, mais livres nos tornamos. Ser escravo de Cristo é ser rei. Ser escravo de Cristo é o caminho para a liberdade perfeita. Porque somos escravos de Cristo, somos livres da penalidade, da escravidão do pecado e do diabo e merecedores da condenação eterna.
Se formos escravos a quem devemos servir?
Devemos servir a Deus, nosso Pai, Senhor, Amigo, Conselheiro, Deus Forte e príncipe da Paz. Devemos Servir a igreja de Cristo, Paulo foi exemplar nisso e por causa disso passou por momentos angustiantes em sua vida, mas vale a pena (II Cor. 11. 24 – 28), devemos servir ao nosso próximo, aquele que é semelhante a nós, criado pelo mesmo Senhor (João 13. 4 – 17).
Por fim quais atitudes a bíblia nos fornece que identificam um servo?
Um servo não busca glória para si mesmo; Um servo não se considera maior que os outros; Um servo não busca somente seus próprios interesses; Um servo é humilde (Filipenses 2. 6 – 8).

Que Deus faça de nós servos verdadeiros e sinceros. Vamos lançar para longe o desejo de ser servido e trabalharmos para o nosso Senhor com coragem e fé naquele que está conosco todos os dias. Se nem mesmo o Filho do homem, Jesus, veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos, quem somos nós para não seguirmos o exemplo do nosso Mestre?

Soli Deo Gloria.